sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Festival de Cinema do Rio

Começou ontem o festival de cinema do Rio, do dia 24 de setembro a 8 de outubro



Duda Mendonça editor da revista Vizzo ( que eu simplismente A D O R O ) escreveu a resenha  sobre alguns filmes do festival, e garanto que a opinião dele vale muito.
Abaixo segue o post do Duda.
Beijosss.


“Aconteceu em Woodstock” é uma boa pedida. O mais novo longa-metragem de Ang Lee é daqueles filmes que entretêm do começo ao fim. Apesar de não ter o impacto de outros trabalhos do diretor, responsável por “Banquete de casamento” e “O segredo de Brokeback mountain”, “Taking Woodstock” tem seu charme na reconstrução do grande festival de música - agora que este completa 40 anos – e o que o mesmo significou na vida de Elliot, nerd interiorano que (re)descobre a vida durante os três dias de sexo, drogas e rock. Demetri Martin (na foto, ao lado do x-men e agora travesti Liev Schreiber), com está muito bem no papel principal. Já Emile Hirsch surge subutilizado, num papel quase irrelevante.

Outro filme recomendável é o quebecois “Eu matei a minha mãe”. Podem falar que a fita é canadense, sim, ela não deixa de ser, mas é muito mais do Quebec do que outra coisa. Afinal, é falado no francês característico de lá, repleto de palavras diferentes da língua matriz encontrada no hexágono europeu, e com um sotaquinho difícil... De qualquer forma, “Eu matei a minha mãe” é a auspiciosa estreia de Xavier Dolan na direção de um longa. O jovem ator de 20 anos, que também escreveu o roteiro e estrela a produção, mostra em 100 minutos a tempestuosa relação entre filho gay e mãe solteira. Histérico e engraçado, “J’ai tué ma mère” é, sobretudo, inteligente e muito original. Não à toa, levou três prêmios da Quinzena dos Realizadores do festival de Cannes desse ano.

O documentário “Sergio, um brasileiro no mundo”, dirigido pelo americano Greg Barker, é uma outra boa pedida. Foca, principalmente, a tentativa de resgate do brasileiro Sergio Vieira de Mello, morto em atentado à sede da ONU em Bagdá, em 2003. Para tanto, conta com imagens do dia do ataque terrorista e com o testemunho detalhado dos dois bombeiros responsáveis pela operação. O filme evidencia a leniência – por parte de americanos – com a segurança dos “agentes humanitários”, enquanto aborda superficialmente a biografia de Sergio, retratado ao mesmo tempo como um profissional fora-de-série e um marido e pai bem abaixo da média.

“500 dias com ela” é a estreia cinematográfica do diretor de clipes Marc Webb. A comédia romântica acompanha a love story que une e separa Tom (Joseph Gordon-Levitt) e Summer (a lindinha Zooey Deschanel). Em 95 minutos, o filme foca a dificuldade de comunicação entre uma menina moderna, que só quer se divertir, e um cara caretinha, louco para arranjar uma namorada. “500 dias”, apesar de reduzir sentimentos a coisas mais simples do que são na real, cativa o espectador que, não tenha dúvida, já se viu em algumas das situações retratadas. Engraçadinho, mas ordinário.

Já “A procura da paz” chama atenção pela sua procedência. Rodado na Eslováquia por Vladimir Balko, o filme segue a trilha de Tono, um eslovaco de meia idade que, após sair da prisão, tenta dar uma guinada positiva em sua vida. O filme mostra a dificuldade do protagonista em romper laços antigos. Bem filmado e com atuações convincentes, “Soul at peace” peca por prometer um desfecho melhor do que efetivamente apresenta.

“Tokyo!” é a reunião, em um longa-metragem calcado no realismo fantástico, de três médias assinados por realizadores muito bem cotados na cena atual. Obviamente, as três histórias tem o Japão e os nipônicos como protagonistas. Nenhuma das quais consegue entreter o espectador; parece que cada um dos diretores resolveu guardar – para projetos-solo – suas melhores ideias. Michel Gondry, que outrora assinou o brilhante “Brilho eterno de uma mente sem lembranças”, derrapa no bobo “Design de interiores”. Já “Merda”, do também francês Leos Carax, diretor de “Os amantes da Ponte Nove”, carece de desfecho satisfatório. “Sacudindo Tóquio”, do sul-coreano Bong Joon Ho, fecha a tampa mantendo o baixo nível dos argumentos. Evite.

“As praias de Agnès” é um raro documentário autobiográfico. Assinado pela cineasta francesa, de ascensão grega, Agnès Varda, o longa retrata sua carreira na sétima arte, o casamento com o também realizador Jacques Demy, a morte deste último, e as mais recentes incursões de Varda pelas artes plásticas. Indicado para fãs da senhora Agnès, uma das convidadas do festival.

“Chuva”, da argentina Paula Hérnandez (outra que vem ao Rio), e “Jericó”, do alemão Christian Petzold, são filmes dispensáveis mas, dependendo dos interesses do eventual espectador (fissurados em cinematografias portenha ou tedesca), podem até agradar um ou outro. O que não se imagina que possa acontecer quando o assunto é “O clone volta para casa”, do japonês Kanji Nakajima, uma ficção-científica lenta e confusa toda vida. Passe longe!

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